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Dinheiro vs. Sangue

Posted by Aquiles Martinelli on 17:22
Bem vindo a uma nova era
Pensamentos se amarrotaram
Caminhos se encruzilharam
O temor virou realidade

Ora, pois na humanidade havia medo
Que as mãos, sangrentas, tapavam-lhes a visão
Mas o temor virou realidade
Afoga-se em pena esta nação

A nova guerra já começou
A Terra já não é mais segura
E, por mais que seus líderes tentem abafar
A verdade, aos poucos, vem à tona

Divididos entre o pensamento e a emoção
O mundo enlouqueceu
O mundo se perdeu
Não há nada para combater essas forças

Foi perdendo o controle que se fez a dívida
E não serão os repudiantes dólares que resolverão
A humanidade pagará seu preço
O preço pela pena dessa nação

Ergam-se! Ergam-se!
Como se você tivesse outra escolha
Em um mundo onde muito é para poucos
E o pouco é para muitos

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Ainda tento

Posted by Aquiles Martinelli on 15:58
Eu ainda tento acreditar (eu tento)
Que possa haver em algum lugar (eu tento)
Algo que me faça aceitar (eu tento)
Que ainda valha a pena respirar (não agüento)

Mas que seja insensato (ele chega)
O assassino é nato (ele chega)
Ele chega e, em menos de um ato (ele chega)
Rouba-me os padrões, e me deixa enfeitiçado (o rejeita)

Só quero de volta algum sentido (eu quero)
Será que para isso é preciso (eu quero)
Ser capaz de tudo e, indeciso (eu quero)
Abrir mão do que me é garantido? (eu renego)

Tudo ao mesmo tempo, agora (agora)
Ele chegou, quer tudo depressa, sem demora (agora)
Quando for, levará o sarcasmo (agora)
Mas, para sempre, viverei no marasmo

Ele é capaz de tudo
Verdade, eu juro
Chega sorrateiro, mudo
E quando vai, some do mundo

Agora, te dou um conselho
Que, por mais que a você eu me assemelho
Eu ainda estarei no controle (sempre)
Tanto ontem, amanhã ou hoje

Querendo ou não, você vai sair
Uma hora (espero), você vai fugir
Meu caminho não vai mais seguir
Ou então fique, não vou mentir.

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O Número 1

Posted by Aquiles Martinelli on 15:06

Você poderia ter sido meu número um
Se você quisesse ter sido o número um
Mas eu vi que o tempo passou
E eu tive de fazer o meu próprio sol

Tudo acabou em questão de segundos
Independente da sua vontade
Eu cresci
E só agora passei a sofrer com a sua ausência

É incrível a capacidade que nós, quando crianças
Temos de ver o mundo com olhos tão sorridentes
Mas um dia tudo muda
E a nostalgia se torna um paradigma para mim

Você poderia ter entrado no meu mundo
Se tivesse aproveitado a chance
Mas, com o tempo, você se tornou um nada para mim
E eu não posso sentir o que eu nunca tive

Faça das minhas palavras um ruído
Que latejará para sempre em seus ouvidos
Olhe para trás e veja o que você me fez
Se é que você tem sentimentos

Você é o único culpado por essa minha agonia
E o pior é que você finge não enxergar isso
A cada segundo que passa, eu estou piorando
E você não me dá um sinal de vida

Você nunca fez da minha dor a sua
E não foi por falta de oportunidade
Minha consciência diz “fale comigo, por favor!”
Mas minha rebeldia diz “exploda-se”

Agora, eu queria ter um boneco de vidro com sua aparência
Para poder tacar com toda a minha força contra a parede
E estilhaçá-lo em centenas de pedaços, como você fez com meus sentimentos
Mas eu não tenho mais forças para agüentar tanta pressão

Você poderia ter sido o número um para mim
E você poderia ter feito parte do meu mundo
E nós poderíamos ter nos divertido tanto
Mas você colocou tudo a perder

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Insensato Coração

Posted by Aquiles Martinelli on 15:26
Nova York
Em um gélido e sombrio quarto do New York Palace Hotel, numa das avenidas mais badaladas de Manhattan, encontrava-se Silvia Toledo, uma mulher beirando seus quarenta anos de idade. Olhando por através da parede de vidro do cômodo, destacava-se o rio Hudson, um dos cartões postais da cidade.
            Engolindo mais um comprimido do seu calmante — o sexto —, a cantora lírica, que acabara de voltar de uma apresentação da Broadway, abriu a gaveta do criado-mudo onde, após espalhar várias cartas de fãs pelo chão, encontrou, no fundo da gaveta, uma carta que se destacava das outras.
— Para o meu querido e único amor da minha vida — ela leu o destinatário da carta, sentando-se no sofá.
             O silêncio que pairava sob o quarto foi quebrado após uma repentina chuva cair do céu cinzento de Nova York. Silvia tirou a carta de dentro envelope. Ao abrir o pedaço de papel, uma lágrima despencou por seu rosto.

São Paulo
— Onde diabos foi parar esse arquivo importante? — perguntou um homem, vasculhando seu computador.
            Enquanto procurava por entre os vários outros arquivos, o homem notou uma foto antiga.
— Eu achei que havia apagado essa foto — disse friamente, os traços do rosto tão rígidos quanto severos, avaliavam uma mulher ruiva e sorridente.
            Levantando de chofre da cadeira, o homem andou lentamente até um espelho, no canto oposto do escritório. O que viu foi o reflexo de um homem amargurado, os cabelos ralos e brancos e, porções de rugas pelo rosto.
            Ele não se reconheceu.
— Você é a única responsável por essa minha aparência — disse lentamente à foto da mulher refletida pelo espelho. O ódio em suas palavras era notável — Por que eu não consigo esquecer você? — questionou aos berros, pegando seu celular no bolso e atirando-o violentamente contra o espelho, partindo-o em centenas de pedaços — Por que você me abandonou? Por que você não deixou nenhuma carta? — perguntava-se aos prantos, atirando-se no chão, sem forças.
—... Você nunca permitiria que eu viajasse mundo afora para que eu pudesse trabalhar com o meu talento — continuava Silvia a ler a carta —. Por várias vezes eu lhe questionei sobre como você reagiria se eu disse-se que queria cantar ópera no exterior e, você sempre me proibia, você sempre diminuía minha auto-estima, por isso eu decidi sair de casa. Não pense que eu te abandonei. Um dia, quando a raiva que você deve estar sentindo por mim nesse instante passar, eu voltarei... e farei de tudo para que sejamos novamente o casal mais feliz do mundo.
            Ela dobrou a carta que nunca tivera coragem de deixar ao marido e apertou-a contra o peito.
— Será que você ainda sente rancor de mim, Heitor? — perguntou a mulher, se encolhendo no sofá, o choro agora era incontrolável. Pegando a cartela de comprimidos na mesinha de canto ao lado do sofá, engoliu outro calmante.
— Onde você está agora, meu amor? — perguntou o velho, soluçando de dor em meio ao pranto, caído no chão sob os inúmeros cacos de vidro do espelho partido.
— Eu sempre te amarei, meu único e verdadeiro amor — disse a mulher, enfraquecida pela overdose de calmantes. O corpo duro e rígido dela ficara imóvel no sofá.
            Silvia Toledo faleceu.


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